Calibração do pulverizador para um resultado mais eficaz

Calibração do pulverizador para um resultado mais eficaz

Depois da escolha do produto fitofarmacêutico a aplicar no momento certo, é fundamental saber como fazer a calibração do pulverizador.

O que é a concentração?

Uma vez que a maior parte dos produtos são formulados para mistura com água, é fundamental fazer a mistura com a concentração que é recomendada no rótulo (ler sempre o rótulo) ou seja, misturar a quantidade certa de produto, em gramas ou mililitros por 100 litros de água.

Cálculo da Concentração (g ou mL/100L)
Elementos:
1.	Passo a Passo (texto com ícones):
o	Passo 1: Leia o rótulo do produto para confirmar a concentração recomendada (g ou mL por 100L de água).
o	Passo 2: Prepare a calda, adicionando a quantidade indicada de produto em 100L de água.
o	Passo 3: Adapte a concentração se o volume de calda for alterado:
	Volume menor = Concentração maior.
	Volume maior = Concentração menor.
Importante!
Leia sempre o rótulo e siga as recomendações do fabricante.

Como calcular o volume de calda?

Nem toda a gente usa a mesma quantidade de calda por hectare. Depende da cultura, do quão desenvolvida esta está e do pulverizador que usa. Podemos aplicar o volume de calda recomendado pela Selectis, no rótulo, ou ajustá-lo – na maior parte das vezes reduzindo-o – em função do grau de desenvolvimento das culturas.

O volume de calda, em litros por hectare, calcula-se da seguinte forma:

  1. Soma-se o total do débito de todos os bicos do pulverizador e obtém-se o valor em litros por minuto. Este é o débito do pulverizador e não depende da velocidade com que ele está a pulverizar.
  2. Multiplica-se este total por 600 para fazer o acerto das unidades de medida, uma vez que estamos a trabalhar com horas e minutos, metros e quiilómetros
  3. Multiplica-se a velocidade do trator (quilómetros por hora) pela largura da faixa que é pulverizada (metros). Divide-se o resultado do ponto 2 por este número. A largura de trabalho é igual à largura da barra de pulverização (com maior ou menor sobreposição da ponta) no caso das culturas baixas, e é igual à distância na entrelinha no caso de culturas permanentes como vinhas, pomares e olivais.

Daqui se conclui que podemos fazer variar o volume de calda (uma vez que a largura de trabalho não é muito fácil de ajustar e é até impossível no caso das culturas permanentes):

  • regulando o débito através da escolha dos bicos ou da pressão (ver artigo anterior).
  • variando a velocidade, podendo reduzir o tempo que demoramos a pulverizar, mas sem comprometer a qualidade da aplicação. Neste caso, devemos ter em conta que alguns pulverizadores já têm uma regulação automática do débito. Este sistema é útil para fixarmos o volume de calda que queremos aplicar por hectare, mesmo quando alguma coisa faz reduzir ou aumentar a velocidade do trator – uma zona enlameada ou uma súbita íngreme, por exemplo. Nestes momentos o sistema responde aumentando ou diminuindo a pressão e assim também o débito, compensando a variação da velocidade.
Cálculo do Volume de Calda (L/ha)
Elementos:
1.	Passo a Passo (texto com ícones):
o	Passo 1: Determine o débito total do pulverizador (soma do débito de todos os bicos, em L/min).
o	Passo 2: Multiplique o débito total por 600 (para ajustar as unidades).
o	Passo 3: Multiplique a velocidade do trator (km/h) pela largura da faixa pulverizada (m).
o	Passo 4: Divida o valor do passo 2 pelo do passo 3.
2.	Dicas adicionais:
o	Ajuste o volume usando:
	Bicos ou pressão (para regular o débito).
	Velocidade (para otimizar a aplicação sem comprometer a qualidade).

Como garantimos a dose correta?

Sabendo nós a concentração e o volume de calda, se os multiplicarmos um pelo o outro, podemos calcular a dose. Ou seja, a quantidade de Produto Fitofarmacêuticos (PF), em gramas ou mililitros, aplicada por hectare. Mais uma vez, deve ler-se sempre o rótulo para saber qual o valor recomendado pela Selectis. De qualquer forma, se optarmos por reduzir o volume aplicado, devemos aumentar a concentração para que a dose se mantenha constante e dentro do recomendado.

Qual é a importância do ventilador?

É também importante relembrar que grande parte dos pulverizadores, atualmente utilizados, são de jato transportado. Nestes, após a pulverização hidráulica que acontece nos bicos (ver artigo anterior), uma corrente de ar leva as gotas até ao interior da planta. No entanto, como frequentemente a velocidade do ar que sai do ventilador é demasiado elevada provocando um “efeito de parede” nas folhas mais expostas à sua ação, devemos reduzi-la nesses casos.

Como garantimos um resultado eficaz?

Para garantir que o volume escolhido – e a configuração de bico, pressão e velocidade associada – nos dá uma cobertura eficaz da planta pela calda, existe no mercado uma ferramenta muito interessante para o fazer: o papel hidrossensível. Este apresenta-se normalmente em pequenas tiras amarelas, que podem ser presas a ramos ou folhas, e dá-nos logo uma impressão violeta das gotas da pulverização. Devemos utilizar este papel quando:

  • se faça uma mudança nas condições de aplicação (bicos, pressão, velocidade),
  • se registe um crescimento das plantas,
  • a aplicação de um herbicida levante dúvidas sobre o arrastamento para a cultura.

O pulverizador é cada vez mais uma máquina de precisão dependente da tecnologia. Se não tivermos isto em conta, a melhor escolha de PF’s e um bom acompanhamento técnico podem tornar-se inúteis e pouco rentáveis no momento da aplicação.

7 Janeiro, 2025